Indústria não é a única solução para o desemprego em Ouro Fino

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Carteira de Trabalho (Reprodução)
Co-Working em Ouro Fino

Assim como no Brasil todo, Ouro Fino vive uma crise de desemprego que assola a população. Boa parte dos moradores da cidade, em idade economicamente ativa, encontra-se sem emprego formal, com carteira assinada. Muitos sobrevivem de bicos, trabalhos informais ou mesmo empreendem na medida do possível, para garantir os rendimentos mensais.

Os governantes da cidade reconhecem a falta de emprego, mas pouco ou nada fazem efetivamente para reverter essa crise. Estão no poder há quase 8 anos e nesse período o desemprego só aumentou. Em diversos discursos, culpam o problema da economia nacional, que de fato está em crise, e atribuem a dificuldade em atrair indústrias para o município, como um ponto importante e causador do desemprego generalizado.

Mas ai é que pode estar o X da questão. Não só no Brasil, mas no mundo, a indústria não é há muito tempo a principal geradora de empregos, muito menos de emprego qualificado, que garante melhores salários, direitos e qualidade de vida ao trabalhador. Pelo contrário, cada ano, o setor, tradicionalmente conhecido por gerar empregos em larga escala, conhecido como chão de fábrica, tem demitido seus funcionário e enxugado a folha de pagamento. Isso quando não fecham unidades ou até mesmo declaram falência e dispensam todos os colaboradores.

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As poucas indústrias que estão pretendendo algum investimento em expansão e aberturas de novas unidades, buscam pelo melhor local para se instalar e nesse sentido fica difícil para Ouro Fino competir com cidades mais estruturadas e com mais incentivos para a indústria. Sem contar que essas indústrias, alinhadas com a modernização da economia e novas tecnologias, buscam profissionais qualificados para serem contratados. Ouro Fino tem esses profissionais qualificados? Fica o questionamento!

Dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram que no Brasil a indústria já não gera empregos como antigamente e dificilmente esse cenário vai mudar, tendo em vista que a economia caminha para o fortalecimento cada vez maior do setor de serviços.

Segundo o CAGED, os setores que estão em recuperação no Brasil e já demonstram crescimento e geração de emprego são: Agropecuária, Construção Civil, Serviços e Comércio. No setor de Serviços, destaque para o Turismo, Transporte e Saúde.

A pergunta que fica é: o que tem sido feito pelos governantes para incentivar a geração de empregos nesses outros setores que estão de fato em expansão? Ouro Fino sempre teve potencial para o desenvolvimento do Turismo, mas nada, em nenhum momento, em nenhum governo, foi feito de fato e concreto para estimular o Turismo de maneira sustentável e gerar empregos e divisas para a cidade.

Tivemos algumas iniciativas isoladas e mal planejadas, que não trouxeram resultados expressivos. Turismo é para algumas cidades, inclusive próximas, como Águas de Lindóia e Serra Negra no estado de São Paulo, um dos principais setores da economia local. Mas Ouro Fino, que poderia se beneficiar desse potencial turístico, está deixando o tempo passar e a população sofrer com o desemprego.

Na agropecuária, que sempre foi base da economia de Ouro Fino, o que tem sido feito pelo governo local para incentivar e apoiar a modernização das culturas. Os pequenos produtores cada vez mais abandonados, não encontram outra saída a não ser deixar a zona rural em busca de emprego na cidade, mas acaba desempregado, engrossando a fila da população que vive abaixo da linha da pobreza.

O comércio da cidade sempre foi reconhecidamente forte, comparado a outras cidades vizinhas, mas nos últimos anos o que se viu foi o fechamento de muitas portas e o encerramento de lojas tradicionais. Outras novas lojas abriram sim, mas é preciso olhar com carinho para o comércio tradicional, apoiando e suportando para que eles não acabem fechando.

Atuar nesses setores com planejamento, incentivos fiscais e financiamentos, oferecendo infraestrutura e suporte sempre que necessário é vital para aquecer a economia. O apoio ao pequeno empreendedor é um caminho que pode trazer muito mais retorno na geração de emprego, do que ficar por anos esperando que alguma grande indústria se instale na cidade e salve, milagrosamente, o povo do desemprego.

Mas o mais importante passa pela educação. É preciso qualificar e treinar a mão de obra para ela estar pronta quando a oportunidade chegar, especialmente o jovem em seu primeiro emprego. Apoiar e incentivar o emprego de profissionais mais experientes, dando segunda chance àqueles que já trabalharam bastante, mas ainda se sentem aptos a produzir. E também, aumentar a participação das mulheres e da diversidade sexual e de gênero no mercado.

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