Conheça a história por trás da arquitetura do Santuário São Francisco de Paula de Ouro Fino

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Igreja Matriz de Ouro Fino
Igreja Matriz de Ouro Fino ( Foto: Observatório de Ouro Fino).
Co-Working em Ouro Fino

Em comemoração aos 272 anos de fundação da cidade e de criação do Santuário São Francisco de Paula, o Observatório de Ouro Fino realizou uma pesquisa sobre a história por trás da arquitetura da igreja Matriz, por meio, do material cedido pelo senhor Antônio de Pádua Silva, o qual, não possui caráter científico, do ponto de vista da História como ciência, mas, é embasado com referencial bibliográfico.

No ano de 1746, os bandeirantes chegaram na região do Vale do Sapucaí, que compreende atualmente o sul de Minas Gerais e o leste de São Paulo, em busca de ouro. Um destes bandeirantes, o sertanista Ângelo Batista, natural de Pindamonhangaba (SP), descobriu ouro nos ribeirões de Ouro Fino, Santa Isabel e São Paulo. O Guarda-Mor (nome dado ao responsável pela região) regente do Sapucaí, Francisco Martins Lustosa, português de origem, fundou o arraial de Ouro Fino e edificou a capela de São Francisco de Paula, que acabaria por ser elevada a paróquia, em 8 de março de 1749.

Ouro de boa qualidade foi o minério por aqui encontrado pelos bandeirantes. A reação de euforia logo ligou a profecia de São Francisco de Paula, segundo a qual, os portugueses dos descobrimentos encontrariam ouro nas novas terras para onde se aventurariam. Por gratidão ao ouro de boa qualidade encontrado e na esperança de novos sucessos, logo elegeram São Francisco de Paula como o padroeiro daquele arraial, hoje cidade de Ouro Fino.

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O intuito dessa matéria é fazer com que os visitantes do Santuário, tenham um novo olhar, sob o mesmo, relacionando a arquitetura da igreja com o significado religioso das imagens, suas posições, vitrais e pinturas. O material elaborado cita o “Movimento da Alma” sugerido pela arquitetura, é perceptível, assim que subimos as escadarias da igreja. Sobre cada uma das portas frontais, uma das pessoas da Santíssima Trindade acolhe o visitante sob a intercessão de nove dos doze apóstolos e outros três pregadores eminentes. Temos da esquerda para a direita: Simão Pedro, André, João, Tomé, Lucas, Mateus, Tiago Maior, Filipe, Tiago Menor, Marcos, Bartolomeu e Paulo. Paralelamente, nas duas laterais do Pórtico veem-se dois painéis de milagres de São Francisco de Paula: um, a favor de doentes; e outro, de cura de animais domésticos.

Bem no alto, vitrais assinalam a Cruz do Senhor cercada de gotas do Seu Sangue ministrando o Seu Nome na dicção de cada um dos quatro Evangelistas representados nos ícones dos seres viventes: Mateus, um rosto de homem; Marcos, um leão, Lucas, um bezerro (do sacrifício); e João, a águia fitando o Sol (Ap 4,7-8). O fundamento dessa representação está em como cada evangelista inicia a sua narrativa: São Mateus, pela genealogia de Jesus; São Marcos, pela “voz que clama no deserto”; São Lucas, pela “hora do incenso”, de manutenção do fogo dos sacrifícios de cordeiros, no Altar do Templo; e, São João, pela ação do Verbo na criação, (Livro do Gênesis).

A linguagem arquitetônica do Santuário São Francisco de Paula de Ouro Fino oferece uma catequese nos vitrais do alto das paredes. Ali estão representações das quatorze invocações tidas como “figuradas” da Ladainha de Nossa Senhora, sete de cada lado:

  1. CAUSA DA NOSSA ALEGRIA – Vê-se uma taça brilhante onde pode haver vinho, fonte de alegria. Cedendo genética para o Sangue de Jesus, Maria Santíssima, que O concebeu pela “força” do Espírito Santo, foi o começo de tudo; por isso, causa de nossa alegria;
  2. ESTRELA DA MANHÃ – O primeiro vitral da direita estampa uma estrela brilhando forte. Como a Estrela D’Alva, que garante ao viajante a proximidade do clarear do dia, gozar da companhia de Maria para orar juntos é segurança para a caminhada rumo à ressurreição final, onde Ela já vive;
  3. ARCA DA ALIANÇA – De novo à esquerda, outro vitral remete à cena de Noé, ao final do dilúvio, quando sob um arco-íris, recebeu de Deus o compromisso para com uma Aliança de proteção. Maria é assim proteção na nossa caminhada histórica;
  4. RAINHA, CONCEBIDA SEM MANCHA – Esse vitral mostra a cena do “Pecado Original”, de que foi Maria concebida isenta em decorrência do Protoevangelho pronunciado por Deus;
  5. VASO ESPIRITUAL – Um vaso cuja planta mostra-se parcialmente coberta por uma sombra lembra Maria dando o consentimento para que o Espírito Santo a cobrisse com Sua sombra; daí, a expressão: Vaso Espiritual;
  6. VASO INSIGNE DE DEVOÇÃO – Insigne quer dizer “notável pela quantidade de grandes feitos”, ideia que aí se representa por ramos que despencam do vaso por nele já não caberem bem alinhados com os outros que ali já estavam, tal a profusão de graças de que Maria é indutora com sua intercessão;
  7. PORTA DO CÉU – Propositadamente fixado acima de uma das portas laterais da nave, esse vitral mostra um cibório do Santíssimo Sacramento colocado no capitel de uma coluna, passando a ideia da máxima elevação da natureza humana de Maria, que como Mãe da Igreja proporciona pela esperança teologal à natureza humana uma passagem aberta para o Céu (Apocalipse, 12);
  8. ESPELHO DA JUSTIÇA – Em movimento inverso ao da figura anterior, acima da porta oposta está a representação do Espírito Santo agindo de cima para baixo; e fazendo Seus sete dons coincidirem com cada uma das velas de um “menorah”, que significam os órgãos dos sentidos de Maria Santíssima em perfeita harmonia com o Espírito Santo, por isso, espelho de justiça;
  9. CASA DE OURO –  Vê-se aí um esplendoroso ostensório de ouro com o Senhor Eucarístico representando a máxima dignidade com que Maria hospedou no seu ventre o Verbo Encarnado;
  10. CÁTEDRA DA SABEDORIA – Uma cadeira resplandecente expressa como Maria na encarnação acomoda a Sabedoria de Deus no seu útero; e a novidade do Evangelho abre ao homem a possibilidade para a totalidade dos seus potenciais;
  11. ROSA MÍSTICA – O arranjo de rosas de três cores indica que é de Maria como a “Rosa mística” que trata esse vitral. Rosa, porque expressão da vida espontaneamente ofertada; mística, porque vai além do natural e adentra com singeleza os mistérios do Amor de Deus;
  12. VASO HONORÍFICO – deslocado da sequência de invocações que ligam Maria à expressão de um vaso frágil, esse vitral precisou ceder lugar aos outros, fixados acima das portas da nave, e aparecer só no final, mostrando a honra com que Maria na sua fragilidade humana realiza sua missão; e isto é uma garantia aos cristãos;
  13. TORRE DE MARFIM – Torre é sinal de fortaleza; e marfim, material duro suficientemente para suportar o revestimento com ouro; assim como se ostentava o trono de Salomão (1Rs 10,18-20), Maria é vigilante de total confiabilidade;
  14. TORRE DE DAVI – Postada estrategicamente no alto de Jerusalém, a fortaleza de Davi dominava a visão de tudo o que embaixo acontecia; assim também é Maria vigiando nossas necessidades.

O material pesquisado é extenso e possui mais detalhes referente a arquitetura do Santuário, que foi erguido em homenagem a São Francisco de Paula, que abrigava o Museu de Arte Sacra, único museu sacro do Sul de Minas. Esse material tem como objetivo embasar a elaboração de um Estatuto para o Santuário São Francisco de Paula de Ouro Fino, o mesmo, utilizou as seguintes referências para ser elaborado: “MOTU PROPRIO”, do Papa Francisco, de 11/02/2017; A DIOCESE DE POUSO ALEGRE, no Ano Jubilar de 1950; A LADAINHA DE NOSSA SENHORA, Pe. Joãozinho, SCJ; É CRISTO QUE VIVE EM MIM, Dom Alberto Taveira; SÃO FRANCISCO DE PAULA, Vida Ilustrada – Delegação Geral da Ordem dos Mínimos – São Paulo, 1980.

Confira aqui o vídeo que conta a história da Paróquia e a parabeniza pelo seus 272 de criação.

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