Médico ourofinense é um dos autores de tratado inédito sobre dores do câncer

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Fabrício Assis
Doutor Fabrício Assis (Foto: Redes Sociais)
Co-Working em Ouro Fino

O médico ourofinense Fabrício Assis é um dos autores do livro Tratado de Dor Oncológica – Sobramid (Atheneu, 2019). A publicação é um marco na literatura científica nacional, pois é a primeira a fornecer de forma tão ampla subsídios para os profissionais que lidam com o manejo da dor do câncer.

“Os tumores malignos trazem um impacto muito grande para a vida do indivíduo. Fora o sofrimento físico — decorrente diretamente do câncer ou dos efeitos colaterais do tratamento —, há o mental, devido ao medo da morte: transtornos de ansiedade, depressão, desesperança, insônia, entre outros, são comuns“, relata Assis. “Tivemos o cuidado de dedicar espaço para os aspectos psicossociais, que são de suma importância para o paciente”, completa.

A expectativa é a de que a obra contribua para aumentar a atenção para o tema na comunidade médica. Ainda hoje, a dor é pouco debatida nas graduações e na residência, o que concentra a assistência em apenas alguns polos de excelência, caso do Singular – Centro de Tratamento da Dor, clínica que já formou diversos profissionais e hoje é reconhecida não só no Brasil como em outros países. No SUS, as iniciativas são ainda mais pontuais.

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O tratamento da dor no câncer é feito de acordo com o quadro do paciente. Podem ser usados medicamentos como analgésicos comuns, opioides fracos ou fortes, antinflamatórios, antidepressivos e anticonvulsivantes. Além disso, vêm ganhando cada vez mais espaço as chamadas técnicas intervencionistas.

“Os procedimentos são minimamente invasivos e mais eficazes promovem maior analgesia e minimizam efeitos colaterais. No que diz respeito ao câncer, inclusive, há estudos que indicam aumento da sobrevida em pacientes submetidos ao tratamento intervencionista, em vez do medicamentoso”, explica o médico.     

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Tratado de Dor Oncológica – Sobramid    
(Redes Sociais)

Tratado de Dor Oncológica – Sobramid        
Editora: Atheneu               
Ano de lançamento: 2019            
Páginas: 1.240

Fatos sobre a dor no câncer

1,2 milhão de brasileiros devem receber diagnóstico de câncer entre 2018/2019, segundo o INCA. 60 a 70% dos pacientes com câncer sentem algum tipo de dor. Destes, metade tem dor de alta intensidade. A estimativa sobe para 87% em pessoas com a doença em fase avançada. Os tumores malignos mais relacionados à dor são os de pâncreas, do sistema osteomuscular e do sistema nervoso central.

Um estudo feito em um centro de cuidados paliativos no Canadá constatou que a dor intensa aumenta em 37% a chance de o paciente ter vontade de morrer (o percentual sobe para 96% em caso de dores recentes).

Desde que a eutanásia foi legalizada na Holanda, 78% das solicitações foram feitas por pessoas com câncer, a grande maioria com dores.

Principais técnicas intervencionistas

Bloqueios anestésicos: interrompem os sinais de dor na região afetada. Pode ser feito com anestésico local e/ou anti-inflamatório, para locais bem específicas, ou com corticoides, para áreas maiores. O tempo de duração varia muito de paciente para paciente.

Bloqueios neurolíticos químicos: destroem, temporariamente ou permanentemente, estruturas nervosas relacionadas à transmissão elétrica na área da dor.

Radiofrequência: uma agulha acoplada a um transmissor elétrico de alta frequência (500Hz) é inserida no nervo relacionado à dor. Há três tipos:

Convencional: a onda queima o nervo e impede a condução da dor.

Pulsada: a corrente é aplicada em pulsos, o que permite controlar a dor sem gerar calor suficiente para queimar o nervo. Especialmente indicada para dores em áreas responsáveis pela atividade motora.

Resfriada: conta com um soro na ponta da sonda para aumentar o calor produzido. Boa alternativa para nervos maiores e anatomicamente variados.

O efeito do tratamento com radiofrequência pode durar de 6 meses a 1 ano.   

Bombas de infusão: um cateter ligado a um reservatório de analgésico computadorizado é implantado próximo à medula do paciente. O equipamento administra o medicamento automaticamente, conforme a regularidade programada. As bombas amplificam em até 300 vezes o efeito do anestésico, o que possibilita usar dosagens menores e reduzir possíveis efeitos colaterais.

Neuroestimulador medular: produz ondas elétricas mais rápidas que a dor, inibindo-a. A sensação é semelhante à de um toque ou formigamento, e diminui sensivelmente o uso de medicamento. Há duas versões disponíveis:   

Tradicional: Compostos por eletrodo, bateria e uma extensão que une esses componentes. O eletrodo é inserido na coluna vertebral e a bateria fixada mais superficialmente, próximo ao osso ilíaco, no final da coluna — da mesma forma que é instalada a de um marcapasso.

Wireless: possui apenas o sistema de eletrodos. Os impulsos são emitidos por um gerador acoplado a um cinto externo, posicionado sobre uma pequena antena implantada no corpo do usuário. A bateria também é externa, que elimina os riscos associados aos materiais que seriam implantados no corpo do paciente e não impede a realização de exames de ressonância magnética. Cada conjunto vem com duas, para que uma possa ser carregada na tomada enquanto a outra está em uso.

As duas versões dispõem de controles remotos para que o usuário possa ajustar o equipamento de acordo com as necessidades.

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